Amamentar no Canadá: minha experiência

Amamentar no Canadá: minha experiência

3 anos, 3 meses e 1 dia. É esse o tempo que vem durando a minha maior e melhor experiência dessa vida: ser mãe. Minha filhota nasceu em uma quinta-feira, de um dia do calendário que até então eu detestava (17) de um janeiro frio, para não dizer congelante, do inverno canadense. Dia de tempestade de neve, claro!

Mas, não foi de parto que eu vim falar, e sim de amamentação. A minha segunda melhor e mais excitante viagem pelos dias da vida. Julie nasceu mamando. Bem, isso é modo de falar, todo mundo sabe. Ela nasceu e foi direto pro peitinho da mamãe. Claro, com a ajuda da minha enfermeir/parteira que não exitou em colocá-la no peito ainda com o cordão umbilical pulsando.

Amamentação para mim sempre foi algo lógico, natural, claro, e uma extensão do nascimento, me dizia eu, antes da experiência de engravidar. Foi quando comecei a ver “as outras cores da vida”, ouvir mães e más experiências a torto e a direito, e o pior, sem nem pedir. Aqui em Gatineau, pertinho de mim, no Brasil, em outros países.

Fato é que nesse tempo todo de amamentação, tive a oportunidade de amamentar minha filha em diversos locais, contextos e horários. Claro, de uns anos pra cá, isso se limita aos muros de minha casa, mas no primeiro ano de aleitamento, a coisa foi longe… das cataratas do Niagara aaté o Parlamento de Ottawa, passando pelos diversos shoppings, pontos turísticos, supermercados e prédios públicos. Dependia da fome dela.

Nunca, em tempo e em local algum, no Canadá, fui “convidada” a me retirar, a amamentar escondida em um vestiário ou num carro. Sempre fiz isso publicamente, não chegando a ser aplaudida, mas sem ser rechassada ou criticada, nem que seja pelo olhar. O percentual da população que amamenta o filho exclusivamente durante os 6 primeiros meses de vida (ou que pelo menos tenta amamentar) é relativamente alto no Canadá: 88%. O percentual da província onde moro está muito abaixo da Colombia-Britânica, por exemplo, onde podemos encontrar o mais elevado percentual. Mais de 94% das mães de lá amamentam seus filhos.

O estímulo começa nos cursos pré-natais (gratuitos e oferecidos pelos Centro Comunitários de Saúde), pelas “madrinhas” de amamentação – na verdade, voluntárias que trabalham como consultoras de aleitamento desde a maternidade até o fim do período exclusivo, estimulando, aconselhando as mães (o estímulo de todos ao meu redor foi tanto que acabei fazendo o curso e me tornando também consultora), os próprios médicos e parteiras, assim como as famílias locais e suas tradições. Dentre meus conhecidos e amigos, todos amamentaram seus filhos exclusivamente até os 6 meses e de modo prolongado até 1 ano, quando a licença-maternidade termina para a maioria das mães québequences.

As próprias escolas e creches estimulam também, respeitando a escolha da mãe em continuar a amamentar e permitindo que ela vá à escola várias vezes ao dia, se quiser, dar o seio diretamente, ou recebendo as mamadeiras (ou saquinhos) de leite materno congelado.

Respeito aqueles que não o fazem por uma questão religiosa, cultural ou pessoal, de vergonha. Mas eu, acho que sou descarada mesmo. Nunca nem atinei para a questão moral, já que não estava me expondo nua. Nunca tive vergonha, porque acho que não estava fazendo mal a ninguém, aliás, estava era praticando um bem maior… uma prova de amor, para a minha filha.

Saiba como acontece (ou não) a amamentação em outros países, acessando o site Mães internacionais, direto neste link aqui e  eu desejo uma excelente viagem ao mundo do leitinho materno em terras estrangeiras!

3 thoughts on “Amamentar no Canadá: minha experiência

  1. Andrea que legal esse neg?ocio de amamentar com o cordao umbilical e tudo! Ah eu tinha tantos ideais assim para parto, mas teve que ser cesárea e olha que aqui na Hungria eles insistem no natural…
    Que legal que vc trabalha com isso! Parece com uma profissao daqui que é a protetora, falo disso no meu texto…
    Gostei muito do texto!
    Brijinhos!

  2. Oi Andrea,
    O Canada, como sempre, tem uma mentalidade muito aberta noque se refere ao parto e amamentação. Para nos que moramos fora é super importante ter a rede de apoio e o percentual de 88% de mães que amamentam o filho exclusivamente até 6 meses é fantastico!
    Bjs e te linkei : )

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *