Uma saia preta e um par de sandálias
Dia de observação do mundo, de suas várias formas, interpretações, cores. Saí em busca de uma saia preta. Artigo básico, mas necessário. Não é fim de ano, longe disso, é época comum, dia-a-dia. E justamente por isso, a compra se faz necessária MESMO.
Mas, para piorar a busca (porque toda busca de um artigo de vestuário preciso vira uma busca incessante pelo que não-existe: o melhor, o mais barato, o mais bonito, o que me vai bem), estamos no fim dos saldos, época das liquidações. Período de caos nos corredos das galerias. Só que eu não sou de sair às vésperas de uma festa ou de um acontecimento para comprar “aquele artigo” que não me fez a menor falta o ano inteiro, mas faz AGORA. Por isso, tenho que ir hoje, me digo com veemência. E claro, não esqueça o par de sandálias que combinarão perfeitamente com o conjunto final. Coisas de mulher…
Ao entrar na primeira loja, um susto imenso! Ao cruzar a entrada, me vi no meio de uma formigueiro! Gente saindo e entrando por todos os lados, roupas que iam de um lado para outro, saltavam, corriam, voavam! Uma onda de verdes, amarelos, azuis, branco, preto, roxo. Parece que aquela idéia de seguir a moda e usar uma cor apenas ou um degradê de cores durante uma estação mudou. As pessoas hoje vestem tudo, todas as cores, tamanhos e modelos. E a loja estava louca! Vendedoras estressadas, mulheres que gritavam umas com as outras por uma blusa de alças de paetês! Uma calça cáqui com pinduricalhos laterais. Ah, sei nem o que era aquilo direito…
Incrível, mas em pleno tempo de crise, empresas demitindo a torto e a direito, lojas fechando por falta de clientes, e as pessoas brigavam por uma blusa! Salvei-me de lá enquanto pude.
Se numa loja “elitizada”, os bons modos foram esquecidos, imaginei que descendo o preço dos artigos, a coisa piorasse. Mas, percebi que o humor das pessoas muda conforma o poder aquisitivo. Constatações de um shopping center que reúne menores, médios e grandes bolsos. Acabei indo parar num armarinho, de esquina, coisa simples mesmo e lá encontrei minha “arca perdida”. Que felicidade! Exatamente como desejei.
E as sandálias? Claro que achei também, mas nem eram tão bonitas assim… e ficaram na loja mesmo, esperando tempos melhores e uma real necessidade. Sim, porque mesmo na liquidação, elas não valiam a pena (pro meu bolso). Voltei para casa feliz com minha sacolinha simples e poucos gastos.
No caminho para casa, vi a lua.
E o que ela me disse? Que esse ano que vem caminhando, a passos largos, ao doce compasso desse inverno gelado, vai ser MA RA VI LHO SO!