Tem gente que tem agonia de psicólogo, psicoterapeuta, análise, essas coisas, e por motivos justos, na maioria das vezes. Mas eu, fora esses aí descritos, tenho pavor de outra categoria também, o estudante de psicologia. Sabe aquela pessoa que fez três ou quatro períodos de universidade, leu uma meia dúzia de mestres e acha que sabe tudo sobre o mundo, sobre você e olha tudo e todos por cima, com um ar hiper superior de quem sabe tudo o que passa até na sua mente?

Convivi, de muito perto, com muitos estudantes e psicólogos, seja na universidade, no meu percurso profissional ou até na minha segunda formação, mas gente igual ao meu colega de trabalho atual, eu nunca tinha visto. Ele consegue ultrapassar o nível de ser humano normal e alcançar um padrão fora do comum, do terráqueo, do… aí, sei lá. É demais pra minha cacholinha. O cara é pós-doutor em Psicologia da Criança. Hum, parece interessante, né? Seria, se não fosse trágico.

Trabalho em uma escola de línguas, e lá, ele não ocupa o cargo de orientador, nem de psicólogo ou terapeuta. Ele é como nós, professor de língua. Num desses papos de hora do almoço – já que todo mundo come lá no trabalho mesmo, entre os intervalos de aula malucos que temos, numa cozinha meio apertadinha – comecei a falar sobre adaptação na creche. O papo nem era com ele, mas ele se meteu e eu achei que poderia ouvir uns “conselhos” do Papa na área.

Qual não foi minha surpresa ao ouvir algumas “barbaridades” da boca dele, do tipo: – O quê? Ela ainda dorme com vocês???? Tira ela da cama já!, Ela já é grande, tem mais de um ano e meio, tem que parar de amamentar. , Ela tem que aprender a comer sozinha, outras coisas e só. , Você ainda amamenta? Não pooode!!, Estou achando essa sua filha muito mimada, pega no colo quando vai buscar na creche… tem que ensinar para ela que já é uma mocinha e tem que andar sozinha. Gente, eu quase surtei!

Se eu já achava psicólogo um bicho esquisito, imagine depois desse papo! Não acho que todos têm que ser pró- aleitamento/ cama compartilhada/ amamentação prolongada/ colo, só peço um mínimo de respeito pelo outro. Sei que existe muita gente diferente por aí, psicólogos com P maiúsculo, com excelente capacidade de análise, empatia, sentimento e que não sejam insuportáveis. Mas, esse aí, ó, não é assim não…